Melhor: as personagens e enredo de King, a câmara intimista de Darabont, Marcia Gay Harden, a fotografia
Pior: a performance final de Thomas Jane
Comentário
Nevoeiro misterioso foca a sua história em David Drayton e o seu filho que são confrontados por algo fora do normal. Após uma tremenda tempestade, David decide ir a um supermercado comprar materiais para reparar a sua casa que foi severamente destruída pela tempestade. Mas enquanto finaliza as suas compras, o supermercado fica envolto por uma neblina densa e pouco comum. Existe algo mais dentro desta neblina que começa a roubar vidas de dentro do supermercado. No entanto, um conflito mais intenso permanece dentro do supermercado quando uma mulher impõe a sua religão e as suas crenças, criando atritos entre as pessoas.
Só agora tive a oportunidade de dar uma vista de olhos no Nevoeiro misterioso e não podia perder esta oportunidade para vos dizer que mais uma vez King e Darabont nos mostram como se faz um bom filme de terror, que prima pelo seu enredo e ambiente e menos pelos sustos. Onde as suas personagens são de uma essência fora de normal, muito bem conseguidas, e que nos levam a odiá-las e também adorá-las. Frank Darabont tem aqui um excelente trabalho de câmara, sabendo explorar os momentos de cada personagem. Consegue ser íntimo com cada personagem, criando detalhes únicos e expressões identificáveis com cada uma delas. Mas é claro, sem a mão e imaginação de Stephen King, algo assim não seria possível. Esta era uma das obras que pouco conhecia dele. Sabia apenas que era inspirada no filme de John Carpenter The fog ( 1985 ). O facto de não conhecer a história, tornou o filme ainda mais emocionante, mas quem conhece King, pode sempre contar com certos pormenores. A maníaca religiosa interpretada maravilhosamente por Marcia Gay Harden a fazer lembrar a mãe de Carrie foi de louvar. Talvez este tenha sido um dos aspectos mais importantes do filme, ao qual elevou o filme a outro patamar. King concebe este filme de terror focalizando a interacção humana perante uma situação de perigo, fugindo ao quê/quem e o porquê. No Nevoeiro misterioso, a razão de todos aqueles acontecimentos é posta um pouco de lado e o lado humano é o centro das atenções. Nesse campo, King fez maravilhas e é aí que o filme nos deixa à beira de uma pilha de nervos!
A fotografia do filme está muito conseguida, apesar dos efeitos especiais deixarem um pouco a desejar. As criaturas são minimamente horríficas, mas também o intuito era esse, pois se os espectadores começássem a centrar a sua atenção nas criaturas, o efeito humano da história era perdido por completo. Por isso, não considero o design das criaturas um aspecto negativo.
Mais uma vez, Thomas Jane toma controlo numa história de Stephen King. Podem vê-lo ou revê-lo em Dreamcatcher- O caçador de sonhos. Ao longo do filme, não lhe consegui apontar nada de relevante que lhe possa ter destruído a sua interpretação, excepto no final. Aquela sua reacção final é um pouco irreal e sem dúvida, confusa. Eu ,sinceramente, não consegui perceber o seu sentimento naquela altura.
De realçar o fim do filme, que o torna um pouco inesperado e negro. Gostei bastante da maneira de como tudo é desencadeado e os leva até a aquela situação. Mais uma prova que este género ainda pode dar muitos frutos. Quem disse que o terror estava morto e sem expressão, está muito enganado!
'People are basically good; decent. My god, David, we're a civilized society.
Sure, as long as the machines are working and you can dial 911. But you take those things away, you throw people in the dark, you scare the shit out of them - no more rules.'