Melhor: a premissa, a 'nova' Nova Iorque, alguns dos efeitos visuais
Pior: filme inconstante e por vezes incoerente, o fim
Comentário
Tudo começa quando uma cientista ( cameo de Emma Thompson ) pensa que descobriu finalmente a cura para o cancro, mas apenas liberta um vírus mortal que aniquila práticamente a população mundial. A história, no entanto, centra-se num sobrevivente, imune ao vírus, que reside no centro de Nova Iorque com a sua cadela. Este é Robert Neville ( Will Smith ), um cientista que procura desesperadamente a cura. Este homem que parece estar sozinho, não está... algo mais reside na frieza da escuridão pronto para o atacar.
A premissa do filme é mesmo muito boa e interessante, e desde o princípio do ano passado que tenho acompanhado todos os desenvolvimentos do filme. Eu gosto particularmente de cenários apocalípticos, e o facto de um homem sozinho ter que enfrentar algo tão terrível fez-me ansiar muito por este filme. Tudo estava no lugar para que este fosse o filme do fim de ano, mas as minhas expectativas caíram por terra com o desenrolar do filme. É um facto que existem mesmo bons momentos, mas a inconstante do filme faz com que uma pessoa passe de saltar da cadeira com os sustos das criaturas, para um sono imerso no aborrecimento de conhecer uma personagem só que interage com a sua cadela e manequins! No entanto, este filme consegue obter o clima e claustrofobismo que um filme da franchise Resident evil deveria ter. Era talvez essa uma das minha prioridades, algo que me pudesse fazer esquecer essa miséria de filme e que se inspirassem em Eu sou a lenda para fazerem um Resident evil decente. Mas até Eu sou a lenda é incoerente! Existem cenas que uma pessoa se questiona como é que isto pode acontecer. Só deixo um exemplo, para não estragar a vossa ida ao cinema, porque mesmo assim merece ser visto, nem que seja pela excelente composição visual de Nova Iorque. Existe uma cena em que Robert Neville cai numa armadilha e a sua cadela salva-o de cães infectados com o vírus. Quando ambos estão completamente vulneráveis e imersos na escuridão que ocupa Nova Iorque, porque é que essa nova espécie ( uma mistura de vampiros com zombies ) não o ataca? Inexplicável! Mas nem isso é o pior! O fim do filme é tão previsível que até dói. É incrível que com uma premissa tão bem elaborada, o filme caia num cliché.
Will Smith tenta ser um one-man-show tal como Tom Hanks em O náufrago, mas com momentos tão aborrecidos, nem isso consegue. A sua personagem tenta ser alguém com que uma pessoa se possa relacionar, mas por vezes as cenas são tão imbutidas e os diálogos tão chatos, que Will Smith não passa a ser mais do que um herói sem glória.
Quanto às criaturas, estão interessantes, mas talvez um toque mais de make-up em vez de digitalizá-las pudesse dar-lhe um tom mais realístico e assustador.
Infelizmente é mesmo isso, um filme que cai 'no tenta ser', mas perde-se a redondamente e torna-se num cliché que só traz uma Nova Iorque tornada numa selva urbana com poucos mas bons momentos, mas só isso mesmo. Pena, mas quem estava à espera de algo realmente bom, fica bastante decepcionado como eu.
'The world is quieter now. We just have to listen. If we listen, we can hear God's plan.'